COMPANHIA DO FEIJÃO: GRUPO TEATRAL CELEBRA O PROJETO “BONS DIAS”
- forumfdc
- May 19, 2022
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Reportagem: Caroline Rossetto
O grupo “Companhia do Feijão”, da Cooperativa Paulista de Teatro, fundado pelo diretor, ator, cenógrafo e iluminador, Pedro Pires, está há 24 anos na ativa.
Fundado em 1998, o grupo trabalha com temas relativos à realidade brasileira, a partir de obras literárias clássicas, pesquisa e trabalho em campo e na procura de documentos históricos.
Através dessa frente de trabalho, o grupo está com um novo projeto, “Bons Dias!”, inspirado nas obras do escritor Machado de Assis; o conto “Segredo de Bonzo”, de 1882 e “Bons Dias!”, lançado em maio de 1888.
O fundador da companhia, Pedro, nos conta mais sobre esse novo trabalho:
“É um projeto que foi aprovado pelo prêmio Zé Renato, na 13ª edição do ano passado, e faz parte do projeto artístico da Companhia do Feijão. A gente lida com as realidades brasileiras. Inicialmente, esse projeto tem como inspiração dois textos de Machado de Assis, que é um conto chamado “Os Segredos de Bonzo” e uma crônica que está nos Bons Dias Brasil e que tem muito a ver com o momento atual em que estamos vivendo. Então, no “Os Segredos de Bonzo”, tem um guru que cria uma teoria meio amalucada, de que uma coisa que existe na realidade e outra coisa existe mais na opinião, mais vale a opinião.
Então, tem tudo a ver com esse momento de fake news e os momentos atordoados que estamos vivendo. E os “Bons Dias” é a história do meteorito de Bendegó, que está no Museu Nacional do Rio de Janeiro e ele é levado para a capital carioca, logo após a Abolição da Escravatura, ele vai conversando com o militar que é responsável por pegá lo no sertão da Bahia onde o meteorito estava e ao longo desse trajeto, eles vão conversando sobre a política brasileira, no final do século 19 e a questão dos militares ligados a Proclamação da República. É claro que na pena do Machado de Assis, essas histórias ganham um colorido diferente, em um estilo bem elegante de fazer uma crítica sobre o momento que o Brasil estava passando naquela época. Então, a partir desses dois materiais, começamos a fazer uma criação original e eu escrevi o texto e colocamos a história de uma pessoa nas ruínas de um mundo. Metaforicamente, é o que estamos vivendo hoje. Na história, essa pessoa perde a cabeça e se separa do corpo e tenta se livrar dessa situação de pesadelo, até que no final, depois de ter passado por essa experiência, ela consegue recolocar a cabeça no corpo e vamos observar se o pesadelo acaba”, afirma ele.
Pedro conta que esses dois materiais foram inspirações para a confecção desse trabalho e que é bastante atual. Diferente do acontecia na época do Machado de Assis, a adaptação se passa em uma reunião ministerial e aborda temas atuais como ecologia e outros problemas graves que não estão sendo combatidos no governo atual.
Contada em episódios, a história reescrita por Pedro não tem uma ligação dramática entre si e as cenas. Cada episódio entra sem a necessidade de continuidade. No processo da confecção deste trabalho, o grupo fala em esperança, reconstrução e renovação, depois de dois anos de incertezas, devido a COVID-19. Para saber sobre esse grupo teatral e sobre os próximos trabalhos, acesse o site: http://www.companhiadofeijao.com.br/

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