INSTITUTO MOREIRA SALLES CELEBRA O LEGADO DE CAROLINA MARIA DE JESUS
- forumfdc
- Mar 31, 2022
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Reportagem: Caroline Rossetto
A escritora Carolina Maria de Jesus foi uma mulher muito à frente do seu tempo. Negra, pobre, favelada e mesmo com apenas dois anos de estudo, resolveu escrever um livro. Esse livro “Quarto de Despejo: Diário de Uma Favelada”, lançado em agosto de 1960, fez com que se tornasse conhecida internacionalmente, se tornando uma obra literária com muitas traduções pelo mundo, com 10 milhões de cópias vendidas em apenas uma semana de lançamento.
Mineira, nascida em Sacramento em 1914, Carolina passou por diversos gêneros literários: romance, crônicas, poesias e autobiografia. Além de ter o dom da escrita, Carolina também era cantora, compositora e até se arriscava no circo.
E é com a história dessa mulher de várias faces, que, desde setembro de 2021, o Instituto Moreira Salles traz para o público, a exposição “Carolina Maria de Jesus: Um Brasil para os Brasileiros”, que mostra a trajetória, curiosidades e aspectos não muito conhecidos para o público.
Divididas em 15 núcleos temáticos, em dois andares (8º e 9º), a curadoria reúne 300 itens, entre fotografia, reportagens, materiais para a imprensa, vídeos e documentos que contam a sua trajetória: da infância, de todo um contexto pós abolição da escravatura, processos criativos, repercussão de suas obras, vivências e opiniões políticas sobre a fome, desigualdade social, meritocracia, pautas antirracistas e toda a sua vida até a sua morte em Parelheiros, extremo Sul da capital, em 1977, aos 63 anos de idade.
Sucesso de público; a exposição está sempre lotada, por pessoas que são admiradoras de seu legado e também quem está conhecendo a vida dessa mulher tão impactante. É o caso do médico João Bonfim:
“Eu vim nessa exposição indicado por um amigo que me falou da exposição. A Carolina teve um impacto social e cultural na década de 1930 e 1940. Eu acho que ela mostra um pouco, na arte dela, como é difícil, já na época dela e o que a gente vive hoje, como segregação racial, social e econômonica e como isso se perpetua na arte. A arte é predominantemente uma campo de esquerda, mas muitas vezes, ela caminha com a elite e vemos que a obra da Carolina foi bastante alterada, por motivos comerciais e que ela tenta passar um olhar diferente, enquanto ela, mulher negra, o que viveu. Ela mostra um Brasil, em suas estruturas corroídas que perpetuam a segregação racial”, afirma.
Carolina também é um exemplo de força e esperança para jovens negros e periféricos que sonham em transformar a vida através da arte. A estudante Estela Alves Silva acredita que é bom persistir nos sonhos que assim, como Carolina conseguiu se tornar alguém importante, pode acontecer com outros jovens:
“Estou vindo na exposição para executar um trabalho de Humanidades. Para mim, está sendo uma experiência muito boa. A primeira vez que eu ouvi falar da Carolina, foi na sala 3as aos Domingos e feriados: das 10h às 20h // 2as: FECHADO ENTRADA GRATUITA
Necessário comprovante de vacina Não é necessário agendamento
Contatos: (11) 2842-9120 // imspaulista@ims.com.br
de aula, com a minha professora e estou achando a exposição simplesmente fantástica. Mostra realmente a realidade do que aconteceu e de que fato, ainda acontece no que acontece nas periferias e na favela para mostrar como é de verdade.
A Carolina é muito importante. Dá uma esperança, de que uma hora as coisas chegam. Parece clichê, as pessoas falarem; insista, persista, que uma hora vai conseguir. De fato, uma hora acontece e foi o que aconteceu com ela. Teve uma oportunidade e divulgou o seu trabalho. É assim para todos os jovens, que passam por dificuldades. Insista, persista, que uma hora as oportunidade aparecem”, conclui.
Além da mostra presencial, houve uma seleção online de 13 curtas metragens sobre os escritos da autora.
A exposição foi prorrogada e vai até o dia 03 de abril de 2022. Endereço: Avenida Paulista, 2424 - Metrô Consolação
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