PROJETO PIONEIRO EM GUARULHOS TRAÇA UM PANORAMA DE SAÚDE INDÍGENA NO CONTEXTO URBANO.

                                                                         Reportagem: Caroline Rossetto

A Rede de Atenção dos Direitos Humanos, em parceria com a Secretaria da Saúde de Guarulhos, junto com a Escola SUS e o projeto Xingu da Unifesp, estão desenvolvendo uma proposta inovadora sobre a formação de cuidados com a saúde indígena, unificando profissionais das UBS, Centro de Assistência Psicossocial e de maternidade, com o intuito de capacitar, médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde, gerentes, psicólogos, psicoterapeutas, assistentes sociais e demais profissionais da área, para tratar essa demanda que precisa de muita assistência e cuidado.

No estado de São Paulo, vivem mais de 400 etnias que, ao longo dos anos, perderam os seus territórios e que migraram para o Sudeste em busca de melhores condições de vida, como educação e trabalho, fugindo de enchentes, seca, desmatamento e demais ameaças à vida. A Secretaria de Saúde, enxergando esses povos, traçou uma oportunidade de lançar um trabalho para garantir que essas comunidades tenham acesso a um tratamento de saúde adequado, acolhendo-os e trazendo a nossa medicina para a sua cultura e vice-versa.

À frente desse projeto, a doutora em família e comunidade, com experiência  em populações indígenas há 14 anos, Carla Rafaela Dolegá, nos conta sobre esse trabalho pioneiro que começou em Guarulhos:

“Essas populações indígenas, no contexto urbano, que praticamente agora, vão ganhar um pouco mais de visibilidade por conta do censo publicado de 2022. Em comparação, ao censo de 2010, veio jogar na cara do Brasil e das organizações que deveriam se importar com o cuidado indígena, não só de saúde, como segurança alimentar, direito à cidadania, propriedade de terra e às práticas tradicionais. Essa população dobrou em relação à 2010 e precisamos movimentar políticas públicas para atender essa população e hoje, os órgãos competentes, se abstém desse cuidado e olhar de indígenas que estão fora de seus territórios. E é aqui começa todo o nosso trabalho em Guarulhos, que é uma cidade pioneira e que não existe em nenhuma cidade do Brasil, que é entender e colocar profissionais voltados para a saúde especializada e diferenciada conforme Constituição Brasileira, parágrafo 5, sobre o direito, o cuidado e respeitando às práticas tradicionais e as formas de entender os processos de saúde e os territórios, que são muito vivos para essa população, vivendo na cidade”.

A doutora também informa que mesmo um indígena vivendo no contexto urbano, não perde as ligações com a sua aldeia mãe e que todas as conexões estão presentes em seu modo de vida.

O projeto é uma construção de modelo que ainda não existe no Brasil. No futuro, há planos de construção de quatro unidades básicas de Saúde no atendimento a essa população e um Centro de Especialidades Médicas, levando em consideração as práticas tradicionais e a forma como eles entendem a medicina tradicional.

No município, estão presentes a tribos Pankararé, Pankakaru, Tupi, Kaimé, Wassu-Cocal, Guajajara, Pataxó, Xavante, Terena, Guarani e muitas outras, espalhadas ao redor da cidade e que precisam de cuidados médicos mais avançados, não descartando a medicina natural e a sabedoria que atravessam os séculos.

A Central de Notícias da Rádio Tucuruvi é uma iniciativa do Projeto “Mônica: a garotinha empoderada faz 60 anos”. Este projeto foi realizado com o apoio da 7ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Serviço de Radiodifusão Comunitária Para a Cidade de São Paulo.

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